segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Ação-Cabeça

Assaltos à moda-antiga

EFEITO DOMINÓ
(The Bank Job, ING, 2008)
Dir.: Roger Donaldson
Com Jason Statham, Saffron Borrows, Stephen Moore, Daniel Mays
1h51 min - Ação

Jason Statham é a nova cara do cinema de ação. Tido por muitos como astro, esnobado por outros, sua capacidade para escolher roteiros é inquestionável. Ele sabe que seus fãs se preocupam mais com a adrenalina bombando nas veias do que uma ação mais cabeça. Mas algumas vezes, é preciso agradar também aos troianos. E Statham, apoiado em sua capacidade de escolher roteiros, aceitou o papel principal neste "Efeito Dominó".

Apesar do título nacional tosqueira, o filme é inspirado no famoso assalto a banco da Rua Baker, em 1971, onde bandidos entraram no cofre de um banco através de um túnel subterrâneo e liquidaram os cofres. O problema é que ali estava guardado algo além de dinheiro, jóias ou barras de ouro. No cofre 117 estava guardado um segredo que ameaçaria a estabilidade da família real britânica.

"Então é isso que a Rainha faz nos fins de semana?"

O filme é bem menos "adrenalinesco" do que o Statham de costume, aposta mais no cérebro da engenhoca e acerta em cheio em colocar o assalto na metade do filme: Acompanhamos todo o desenvolvimento dos envolvidos, o planejamento para o assalto e depois as consequências de mexer onde não se deve. O espectador mais descompromissado pode perder um ou outro dado importante para o desenrolar da trama. A verdade é que comparado aos demais filmes de roubos recentes (e estou falando com vocês também, onze homens), "Efeito Dominó" é um filmaço. Tudo muito bem amarrado naquele famoso jogo onde qualquer um pode ser motro/traído/enganado e apenas o mais esperto sobrevive. Indicado aos fãs de ação-adrenalina e aos fãs de ação-cabeça.

Nota 8,5

Trailer:

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Blefe duvidoso

Porque contar cartas não é recomendado...

QUEBRANDO A BANCA
(21; EUA, 2008)
Dir.: Robert Liketic
Com Jim Sturgess, Kevin Spacey, Kate Bosworth, Lawrence Fishburne
2h03 min - Drama


A pior parte de se sentar com os amigos para jogar baralho, é ser a "dupla de fora". Você fica junto à mesa, assistindo a uma partida inteira sem poder participar diretamente da ação. Passa o tempo todo esperando o clímax do jogo, onde algum blefe será feito e com sorte, a vitória viria de forma surpreendente. O perdedor, incrédulo, teria de admitir a derrota para o lado vencedor, que sorridente, se gaba de seu feito. Se considerarmos ser sempre a "dupla de fora" em filmes de carteado, a solução é se agarrar na expectativa de um final surpreendente. 

Quebrando a Banca é a história real de seis estudantes do M.I.T. de boston que descobrem uma forma de contar cartas no jogo "21", e decidem lucrar com sua técnica desenvlvida em Las Vegas. Ministrados por seu professor (Kevin Spacey), passam a curtir uma vida frenética, com mulheres e muito dinheiro. A grande oportunidade da vida de Jim Campbell, rapaz esforçado que está tentando uma bolsa na renomada universidade.

"Sim gatinha, é um rolex... Ganhei no 21..."

Com essa premissa, o espectador assume  a postura de "dupla de fora" e assiste. O que parece ser um programa interessante, acaba se tornando um programa previsível (em parte graças ao trailer), mesmo com os momentos "cool" e uma ou outra piadinha para acompanhar. Mas no geral nada de novo. Kevin Spacey sendo cada vez menos interessante, elenco jovem se esforçando para se destacar no filme, vilão careta. Talvez o mérito do programa seja divertir a platéia em meio a tantos clichês. Mas "Quebrando a Banca", fatalmente se tornará num futuro próximo, mais um filme no catálogo de sessões verpertinas dos canais de TV aberta. Blefe divertido. Mas você já esperava por essa.

Nota 7,0

Trailer:

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A vingança dos fãs

O filme que você esperava do Hulk, chega em DVD.

O INCRÍVEL HULK
(The Incredible Hulk; EUA, 2008)
Dir.: Louis Letterier
Com Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, William Hurt
1h 54 min - Ação/Aventura
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Polêmicas à parte, o filme lançado por Ang Lee em 2003, dividiu radicalmente opiniões por ter focado as atenções na questão psicológica de um homem que carregava um, digamos, carma, de ter dentro de si um monstro que se libertava conforme a sua raiva. Passados meia década, e todos aqueles que se desapontaram com a primeira versão, ganharam um filme de pouco menos de duas horas, onde o psicológico perde feio para a quebradeira.

Na nova versão, a história continua quase de onde o primeiro parou. Bruce Banner (Edward Norton) foge de sua cidade para tentar encontrar uma cura. Ele se esconde em uma favela do Rio de Janeiro e trabalha como fabricante de refrigerantes (não pergunte). Mas por conta de um vazamento de informações, Banner é encontrado pelo seu inimigo e deve enfrentar um novo vilão, enquanto tenta proteger Betty Ross (Liv Tyler) dos novos perigos e de si mesmo.

"Tá aqui... Faz um litro de calmante..."

Pelo apreço que tenho pelo personagem e por ser uma das únicas pessoas vivas que gostaram de fato do primeiro filme, achava que o filme pudesse descambar para a pancadaria gratuita e fugir de qualquer tipo de história. Engano. O trailer vendeu bem. Vendeu cenas de luta e destruíção. E isso, o filme tem de sobra. A sequencia final, contra o monstrão Abominável só não é mais bacana, porque no meio do filme tem uma outra mais interessante. Quem detestou o primeiro filme, vai adorar ver o Hulk descendo o sarrafo nos militares americanos. Quem gostou da primeira versão, pode se divertir também. Norton pode não ser um Bruce Banner excelente, mas trouxe características para o personagem que se aceita facilmente. E como a origem do personagem já havia sido contada pelo filme de 2003, o diretor Louis Letterier aproveita para fazer uma trama simples, enxuta e com direito a ganchos para a sequência. Ora bolas... Teve até espaço para Tony Stark...

Nota 8,0

Trailer:

domingo, 5 de outubro de 2008

Super-Andarilho

A surpreendente e trágica história de um jovem que abandonou tudo para buscar a liberdade.

NA NATUREZA SELVAGEM
(Into the Wild; EUA, 2007)
Dir.: Sean Penn
Com Emile Hirsch, Catherine Keener, William Hurt, Marcia Gay Harden
2h28 min - Drama


Filmes baseados em fatos reais são sempre ar puro em meio a algumas tosqueiras ou super-produções que são produzidas no dia-a-dia hollywoodiano. Ainda que os fatos reais sejam toscos ou gerem super-produções. Mas na essência, são experiências de vida e fatos que alguem, em algum momento, viram necessárias de serem contados ao público geral. No começo da década de 90, um jovem americano largou sua privilegiada vida em busca de sua maior aventura: Desbravar o Alasca.

E a história de Christopher McCandless começa justamente no ponto onde decidiu revolucionar sua vida em busca da liberdade. Interpretado com maestria por Emile Hirsch, o jovem começa sua jornada ao Alasca com o espírito aventureiro a todo vapor. Abandona qualquer forma de identificação (mudando inclusive seu nome para Supertramp, ou o Super Andarilho) para que a sensação de liberdade fosse mais presente. Pelo caminho, fará amizades, encontrará perigos e vivenciará sua grande aventura até chegar ao "Ônibus Mágico". 

"Cara, aqui faz um frio do diabo..."

A sensível direção de Sean Penn, aliada a uma fotografia maravilhosa e à trilha sonora espetacular composta por Eddie Vedder faz de "Na Natureza Selvagem" um filme brilhante e inesquecível. Penn não se preocupa muito com linearidade na história, mas essa desconstrução temporal que dita o ritmo do filme é essencial para nos colocar mais próximo do protagonista e ajudam na sensação de isolamento que afeta o rapaz nas horas mais frias. Contar mais sobre o filme pode estragar. Uma impressionante experiência de vida que passou em branco pelos cinemas nacionais (figurando apenas no circuito alternativo), mas nem por isso, imperdível.

Nota: 9,5

Trailer:

Chapéu e Chicote

Harrison Ford volta ao seu maior (e melhor papel) com aventuras e final polêmico em DVD

INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL
(Indiana Jones and the Kingdom of The Crystal Skull; EUA, 2008)
Dir.: Steven Spielberg
Com Harrison Ford, Cate Blanchett, Shia LeBouf, John Hurt
2h02 min - Aventura


17 anos. Tempo que os realizadores de uma das mais celebradas trilogias do cinema nos fizeram esperar para o lançamento da anunciada quarta parte. Era uma combinação de eventos para que ela saísse do papel. Quando confirmada, a sequência gerou muita expectativa sobre manter o nível dos filmes originais, sobre os novos personagens a serem introduzidos e principalmente se Harrison Ford conseguiria manter o espírito e o pique de um dos maiores heróis do cinema.

E o mundo de Indy evoluiu. Passaram-se quase uma década após os eventos da Última Cruzada e Indiana Jones ainda trabalha como explorador e professor na universidade. Capturado pelos Russos (afinal de contas, anos 50 era Guerra Fria e não mais Segunda Guerra), o protagonista é incumbido de encontrar a Caveira de Akator, que supostamente quando devolvida ao seu local de origem, entregaria um poder de inigualável aquele que a encontrasse.

"Viu só quanta grana que o filme fez?"

Os fãs não decepcionaram e o filme foi um sucesso de bilheteria. Mas o filme parece ter decepcionado seus fãs. O pique está lá, a aventura continua, e Harrison Ford entrega o bom e velho Indiana Jones como esperado. Mas o polêmico final desagradou a muitos. Fora isso, o filme é pura diversão. A sequencia inicial e a perseguição de jipes dentro da selva amazônica nos remete aos originais com tanto brilho, que estamos dispostos a aceitar formigas carnívoras e outros caprichos que um filme de Indiana Jones tem o direito de ter. Terminado dez minutos antes, seria uma típica matinê do gênero. Mas tudo bem. Entendemos o final, apesar de achar de certa forma desnecessário. Não é o melhor deles, mas se encaixa do lado de fora da trilogia. Se o quinto filme se confirmar, a platéia estará garantida.

Nota 8,0

Trailer:

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O bom companheiro

Jim Carrey na versão light.

HORTON E O MUNDO DOS QUEM
(Horton Hears a Who!; EUA, 2008)
Dir.: Jimmy Hayward e Steve Martino
Com as Vozes de Jim Carrey, Steve Carrell, Seth Rogen, Isla Fischer
1h28 min- Animação


Os livros do Dr. Seuss parecem criar vários adeptos. Inegavelmente um sucesso de vendas (em especial nos EUA), a evolução para o cinema foi uma questão de tempo. Aqui no Brasil, onde sua obra literária é muito pouco conhecida, ficam apenas aquela uma hora e meia para entender e se divertir. Essencialmente infantis, mas nem por isso, menos divertidas. Consiste em um personagem principal com seu lado psicológico sempre inverso ao físico: o Grinch era feio, mas no fundo tinha um coração de ouro. Não assisti ao "Gato" com Mike Myers, mas a adaptação animada de Horton e o Mundo dos Quem", tem cara e corpo de ser simples. Mas suas piadas conseguem avançar o plano do infantil.
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Horton é um elefante desengonçado (dublado no original por Jim Carrey) que um belo dia encontra um grão de pólen. Suas orelhas "avantajadas" o permite que escute uma voz provinda do grão. E lá dentro, todo o universo dos Quem (os mesmos que no filme "O Grinch" moravam no floco de neve). O problema é que o equilíbrio delicado deste minúsculo universo depende da estabilidade externa. E Horton, como um bom elefante, promete aos pequeninos o levar para o topo da montanha, onde poderão viver sem problemas. E o fato de ser o único ser que consegue ouvir as vozes faz com que a "síndica" da selva ameace banir o elefante por mau comportamento.
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"Eles estão bem ali, ó..."

Este é um belo exemplo de uma animação para crianças sem qualquer tipo de apelação. Os adultos são brindados com piadas simples (e nem muito ingênuas) sobre amizade, comprometimento e integridade. É aquela lição de casa que muitos hoje precisam ouvir, so que dada de forma divertida e descompromissada. Pode não usufruir da ousadia de um "Shrek" ou da qualidade de um "Wall-E", mas seguindo a fórmula básica das animações, garante a diversão. Destaque também para Steve Carell (na voz) como o prefeito dos Quem. Aliás, a dinâmica dos dois em cena rende os melhores diálogos do filme. Para aquela tarde descontraída e leve.
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Nota 7,5
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Trailer:

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Máquina de Guerra

A temporada de blockbusters começa quente
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HOMEM DE FERRO
(Iron Man; EUA, 2008)
Dir.: Jon Favreau
Com Robert Downey Jr, Jeff Bridges, Gwyneth Paltrow
2h06 min - Aventura



Da recente safra de filmes com super-heróis, pode-se dizer que o Homem de Ferro é um dos mais incomuns. Afinal de contas, não bebeu da mesma fama de leitores como um Batman ou um Homem-Aranha. Mas muito foi especulado nos meses que precederam seu tão aguardado lançamento na telona. E quando Robert Downey Jr. foi escalado como protagonista, o burbúrio aumentou ainda mais, que só seria apaziguado em meados de fevereiro, quando o primeiro trailer fosse oficialmente lançado, ao som de "Iron Man", com espetaculares sequencias de ação. A farta bilheteria era apenas uma questão de tempo.
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O filme acerta em contar as origens do super-herói: Tony Stark, um brilhante executivo (aqui, um fabricante de armas), é capturado por rebeldes do afeganistão e forçado a construir uma arma a ser usada contra os EUA. Mas ele acaba por fabricar algo ainda maior: Uma armadura, capaz de manter sua sobrevivência para sua fuga. Quando volta, aperfeiçoa o traje e passa a combater o crime como o Homem de Ferro. O que Stark não esperava, era temer sua parceria e amizade com Obadiah Stane.

"Fala com a minha mão..."

Se Batman não chegasse as telas meses depois, "Homem de Ferro" seria o grande filme do verão americano. Porque tem tudo o que uma aventura típica precisa: Muita ação, personagens caricatos, gags que funcionam. Ou seja o divertimento garantido. Mas ele não fica apenas em seu lugar. Robert Downey Jr. encarna Stark com uma assustadora facilidade e seu Homem de Ferro fica ainda melhor de ser assistido. Não é nem preciso falar dos efeitos especiais que recheiam o filme. As sequencias de ação são empolgantes e sem muita necessidade de serem explicadas. "Homem de Ferro" é diversão garantida para todos os públicos, com direito a varios ganchos para a sua continuação em 2010.
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Nota: 9,0
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Trailer:

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Para fãs e simpatizantes

O aniversário dos Rolling Stones em grande estilo.

SHINE A LIGHT
(Shine a Light; EUA, 2008)
Dir.: Martin Scorcese
Com Mick Jagger, Keith Richards, Charlie Watts, Ronnie Wood
2h01 min - Documentário
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O que acontece quando uma das maiores bandas de todos os tempos se junta a um dos maiores diretores da atualidade? Os Rolling Stones, completando 45 anos de existência resolve comemorar a data no Beacon Theatre em Nova York em uma espécie de show beneficente. O diretor? O aclamado Martin Scorcese. O resultado é este impressionante "Shine a Light".

São duas horas de um empolgante show comandado por Scorcese e 18 câmeras espalhadas pelo teatro, com alguns dos sucessos da banda, mesmo que alguns sucessos tenham sido preteridos (o que poderia até ser um clichê). Ainda há tempo para duetos com Christina Aguilera, Jack White e (o melhor deles) com Buddy Guy. Entre uma música e outra, vídeos de arquivo da banda com entrevistas e reportagens que contam mais sobre os Stones.

"Muito obrigado Nova York! Agora é só comprar o DVD!"

Os pontos altos do "filme" são exatamente os duetos. Não que Jagger não tenha energia, muito pelo contrário. A banda sobra de energia, empolgação e inspiração, mas os convidados fazem a festa. O breve trecho sobre a preparação do show dá um certo tom cômico para segurar o espectador (que convenhamos, assiste para ver os Stones) anima e aumenta a expectativa para o grandioso show. As câmeras de alta definição muito bem posicionadas deixa o espectador mais próximo de seus ídolos. A peteca só cai nas músicas menos conhecidas e lentas, desacelerando o show e a festa de cortes secos que a edição do show promove. Mas pura diversão, como um show dos Rolling Stones deve ser.

Nota: 8,0

Trailer:


P.S.: Fernando e Leo, obrigado pelo presente!

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Conte sua História

O assassinato do presidente em oito pontos de vista diferentes

PONTO DE VISTA
(Vantage Point; EUA, 2008)
Dir.: Pete Travis
Com Dennis Quaid, Matthew Fox, Sigourney Weaver, William Hurt
1h30 min - Ação


Há alguns anos, o Real Madrid montou um time de estrelas. Os Galáticos. Antes de se mostrarem sem entrosamento e de certa forma, decepcionarem, todos tinham medo de jogar contra o time da capital espanhola. Quem não tinha dinheiro para contar com Zidane, Beckham e outros figurões, tentavam montar times que pudessem segurar a barra mesclando jogadores "experientes" com pratas da casa. 

O filme traça oito diferentes pontos de vista sobre o assassinato do Presidente dos EUA (William Hurt, no automático) em plena conferência das nações, ao vivo para o mundo todo. São 15 minutos acompanhando o guarda-costas traumatizado e de volta a ativa, a coordenadora de TV, o turista, a menina indefesa, o atirador e até o presidente. Conforme os pontos de vista são revelados, vamos descobrindo uma conspiração para desestabilizar o governo Norte-Americano. 

"Onde que eu aperto pra gravar?"

"Ponto de Vista" seria o time para tentar jogar contra o Real Madrid: Figurões como William Hurt, Dennis Quaid, Sigourney Weaver, o recém-vencedor do Oscar Forest Whitaker e o novo candidato a astro Matthew Fox (o Jack da série Lost) fazem parte do elenco. Mas sem entrosamento. O grande problema deste filme, é que ele parece ter sido feito as pressas. As cenas de ação são decentes e o elenco é calibrado. Mas calibrado, apenas sugerem interpretações inspiradas. O que infelizmente não é exatamente o caso. O final é previsível, tamanha quantidade de clichês que a história possui. Mas apesar de tudo, curiosamente divertido. É como aquela piada que você já conhece, mas contada pior outro amigo: Você já sabe onde ela vai terminar, mas o jeito que ele conta te diverte.

(Nota 6,0)

Trailer:

Vida de Adolescente

Um crime entre Skatistas e suas consequencias.

PARANOID PARK
(Paranoid Park; EUA/FRA, 2007)
Dir.: Gus Van Sant
Com Gabe Nevins, Daniel Liu, Taylor Momsen, Jake Miller
1h25 min - Drama


É bem verdade que alguns diretores gostam de exercer seu lado, digamos,  alternativo. Como Martin Scorscese faz com filmes como "Shine a Light" e "No Way Home". Mas nenhum deles parece ter a coragem que Gus Van Sant tem de explorar novos formatos. É como se ele resolvesse dar as costas para o convencional, abandonando o cinemão de filmaços como seu "Gênio Indomável". Seu lado experimental já rendeu premiados como "Elefante" e desastres como a refilmagem de Psicose". E agora, este Paranoid Park.

O filme cerca um crime acidental que teria acontecido nas proximidades de um local frequentado por skatistas "barra-pesada" que ganha o nome do título do filme e como isso afeta a vida do garoto Alex e consequentemente das pessoas a sua volta. Desde a investigação parcial do policial do policial Richard, seus amigos e sua namorada Jennifer, com quem parece ter um relacionamento sem futuro. 

"Que tal agora? Não tô a cara daquela cantora?"

Paranoid Park está firmando presença em um numero consideravel de listagens de "10 melhores filmes do ano". E pensando nisso, eu questiono se é para tanto barulho ou se eu perdi alguma coisa no filme. Van Sant usa e abusa de tecnicas de câmera, uso consciente de trilhas, belíssimos takes (apesar de alguns levar muito tempo), mas a história nunca aprofunda o quanto queremos. Os personagens estão lá, bem descritos, mas o filme termina justamente quando estávamos prontos para conhece-los melhor. A narrativa não-linear (como se ouvissemos a história de alguém que está bem inseguro) dá voltas e acaba em um ponto conhecido. Destaque para o elenco desconhecido e promissor que tentam segurar o filme. Paranoid Park com certeza não estará na minha lista de 10+ no final do ano. Mas vale a pena conferir. Quem sabe não entre para a sua.

(Nota 6,0)

Trailer (sem legendas)

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Tentando ser Cool

Demi Moore tenta variar com um filme de roubo
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UM PLANO BRILHANTE
(Flawless; EUA/ING, 2007)
Dir.: Michael Radford
Com Michael Caine, Demi Moore, Lambert Wilson
1h48 min - Suspense
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Platéias de todo o mundo parecem se encantar com filmes de roubo. Basta algo interessante para ser roubado, uma pessoa para bolar um plano mirabolante e uma forma bem difícil de realizar tudo. Com esses três ingredientes, filmes como "Uma Saída de Mestre", "Onze Homens e Um Segredo" e aparentemente este "Um Plano Brilhante", filme que se não faz parte do mesmo nível dos outros dois comparados, certamente almejava tal fato.
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A trama começa com Laura Quinn (Demi Moore, tentando sair do limbo cinematográfico), uma americana que trabalha em um banco de diamantes em Londres. Por ser a única mulher trabalhando em um posto alto, ela perde a chance de ser promovida, para um dos puxa-sacos concorrentes ao cargo. Ela fica inconformada após tantos anos de serviço não ter conquistado o cargo que tanto sonhava. Mr. Hobbes (Michael Caine) como bom observador descobre que ela pode ter a motivação e os acessos para realizar o roubo que a tanto tempo planejava.


"Me arruma um papel na franquia do Batman!!"

O filme sofre de um trauma que acomete a muitos outros filmes do gênero: Aquela sensação de "ja vi isso antes". Se não fosse pelo método bizarro (e curiosamente original) que encontraram para realizar tudo, o filme seria batido e careta. Michael Caine se esforça e acaba sendo o melhor da história, mas ainda assim, não se distancia do bom-moço-padrão que geralmente interpreta. Como sempre, o espectador é mantido no escuro na maior parte do tempo, as piadas tentam ser engraçadas e no final das contas, uma conclusão muito melosa e que não dá aquela sensação de, digamos, nobreza que uma motivação deveria passar. Recomendado para os adeptos de ação light, filmes lentos ou de Michael Caine.

(Nota 5,5)

Trailer (sem legendas):

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Plainview, o Açogueiro

Daniel Day-Lewis toma este épico em uma interpretação vencedora
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SANGUE NEGRO
(There Will Be Blood; EUA, 2007)
Dir.: Paul Thomas Anderson
Com Daniel Day-Lewis, Paul Dano, Ciarán Hinds
2h38 min - Drama

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Em 2002, houve um filme acima da média chamado "Gangues de Nova York". O personagem principal era Leonardo diCaprio, a mocinha era Cameron Diaz. E o vilão (e um excelente vilão) era Bill, o açogueiro, interpretado por Daniel Day-Lewis. E ele fez a festa. Assustador, brilhante e psicótico, não houve celebridades que pudessem ofuscar um dos personagens mais brilhantes dos últimos tempos. Mas o tempo passou, e Bill, ao que tudo indicava, ficou contido dentro da fita. Anos se passaram e Daniel Day-Lewis voltou com outro épico, outro persoagem forte. E com muito daquele Bill dentro de si.

O filme segue a trajetória de Daniel Plainview (Daniel Day-Lewis), e sua busca incessante de descobrir petróleo. Com o passar dos anos, ele vai se enriquecendo e comprando as propriedades para expandir o seu negócio lucrativo e assim dominar a região. E no auge de seu poder, descobre um terreno que ainda não é seu, mas com grande capacidade de produção. Os donos do terreno não se mostrariam tão resistentes se não fosse por Eli Sunday, um dos filhos do dono e jovem pastor da igreja local que decide fazer negócios com o obscuro empreiteiro. O problema é que Daniel não pensa em dividir lucros e em meio aos seus problemas e sua eterna paranóia, fará de tudo para tomar a terra a força.

"Você disse que meu filho é assustador?"

Em meio a tantos filmes que exigem apenas sentar em frente a tela e se divertir, "Sangue Negro" exige paciência, força e capacidade de absorção. Não é o filme que você vai alugar para ver num sábado a noite com os amigos. É chocante, pesado e extremamente meticuloso com os detalhes. As quase três horas de filme são uma série de descontruções do relacionamento humano de uma pessoa inescrupulosa, gananciosa e fechada. E apenas na janela da relação com seu filho, que se desenvolve com o passar do tempo na história, é que podemos ver sua única ponta de carinho e preocupação, contanto que não atrapalhe os negócios. Daniel Day-Lewis entrega sua atuação mais visceral e beirando a perfeição (vencedora do Oscar), que chega a ser inevitável o roubo das cenas e do filme. O espectador desenvolve rapidamente uma relação de amor e ódio com o protagonista, torcendo contra e à favor quase que simultâneamente, cortesia de uma direção magistral de Paul Thomas Anderson (Magnólia, Boogie Nights). Não há personagens ou atores no filme à altura. Seu precursor, Bill, deve estar com um belo sorriso no rosto e ao que tudo indica, mais vivo do que nunca.

(Nota 9,0)
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Trailer:

quinta-feira, 24 de julho de 2008

O cão que ladra...

...ou Como Estragar uma História em uma hora e meia.
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JUMPER
(Jumper; EUA, 2007)
Dir.: Doug Liman
Com Hayden Christiansen, Samuel L. Jackson, Diane Lane, Michael Rooker
1h28 min - Ação

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Poderia até começar esse post falando sobre campanhas de marketing, mas não quero parecer repetitivo. Então vamos falar de desperdício. Desperdício de uma premissa boa, orquestrada por um diretor que se envolve com projetos bacanas, com atores competentes (salvo o principal) e com um visual caprichado. Bons efeitos especiais de sobra, locações belas e um desenvolvimento... pífio. Estamos falando de outra bomba do ano: Jumper.
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Imagine que você possa ir para qualquer lugar a qualquer momento em uma fração de segundos. O que você faria? David Rice (o inosso Hayden Christiansen, ex-Anakin Skywalker), que era o bobão da turma faz o óbvio: Se enche de dinheiro, mulheres e um apartamento cheio de coisas bacanas. Mas David não está sozinho no mundo. Há outros Jumpers. E para conter a boa vida dos Jumpers, há os Paladinos, caçadores de Jumpers.
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"Que saudades da minha época de Pulp Fiction"
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Como já foi dito, a premissa é boa. Mas o desenvolvimento peca de forma imperdoável. Há muitas (MUITAS) coisas no filme mal desenroladas, como o romance entre os personagens principais, um "background" de um personagem principal (fraco) extremamente mal-escrito, atuações abaixo do considerado razoável. E meu Deus: Como Samuel L. Jackson, um ator tão bacana consegue se envolver nesse tipo de filme? Seu personagem, o vilão do filme, é quase que um pastelão, e ajuda a jogar o filme para baixo. A sensação pós-filme, é que tudo foi executado com certa preguiça. Tudo precisava ser contada de forma rápida para chegarmos logo a uma ação que deixa a desejar. Os efeitos visuais compensam, mas não são o suficiente para salvar a trama. Se o cinema é feito para dar vida as nossas imaginações e vivenciarmos experiências, e o teletransporte seja um conceito intrigante, talvez ele mereça um filme bem mais interessante.
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(Nota 2,5)
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Trailer:

terça-feira, 15 de julho de 2008

It´s Alive!

Com um show de impressionantes e assustadores efeitos, Cloverfield surpreende.
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CLOVERFIELD - MONSTRO
(Cloverfield; EUA, 2007)
Dir.: Matt Reeves
Com Lizzy Caplan, Jessica Lucas, T.J Miller, Michael Stahl-David
1h24 min - Terror
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Há alguns anos atrás, o mundo conheceu "A Bruxa de Blair". Eu não gostei. Achei muito barulho para pouco filme. Não esperava muito de atuações, mas queria conteúdo e uma história na média para me entreter. Acabei entediado e decepcionado. Ponto.
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Anos mais tarde, um sujeito cria um fenômeno da televisão. Lost. Muito barulho. Bom conteúdo. Para quem acompanha a série, sabe que a quarta temporada acabou se tornando um divisor de águas, principalmente entre o público. Quem não se desinteressou, ficou mais fissurado na série. Ponto.
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Mas antes de estreiar a quarta temporada, J.J. Abrams, o criador de Lost, aproveitou sua fama para bancar este "Cloverfield", filme que teve como divulgação um trailer confuso e um poster que ostentava a Estátua da Liberdade com a cabeça arrancada na unha. Falar sobre a história pode estragar qualquer experiência, mas o que o trailer entrega é que durante uma festa de despedida, uma explosão no centro de Nova York causa pânico e tumulto. A cidade começa a ser evacuada em meio ao caos e destruição, tudo filmado em primeira pessoa. O que o título do filme entrega é que o que está causando tudo isso, é um monstro gigante. E o que o blogueiro aqui pode adiantar, é que qualquer comparação com a "Bruxa de Blair" é injustiça.


"O Monstro fica do outro lado..."

Injustiça, porque ao contrário do filme de 1999, temos conteúdo. A história leva 20 minutos para estabelecer de forma bem simples e eficiente somente o que se precisa saber para entrar no clima e simpatizar com os personagens. Quando começa o ataque, um show de efeitos especiais (impressionantes, diga-se de passagem) e uma câmera sufocante em meio ao corre-corre mostrando as decisões desesperadas de um grupo de sobreviventes. Ao sentarem para assistir ao filme, é necessário ter uma coisa em mente: É um filme de monstro. Não requer discussões filosóficas, referências geniais ou atuações brilhantes (o elenco é desconhecido, mas cumpre seu papel). É um filme para se divertir e se assustar. Tem sangue, morte, criaturas bizarras (o monstrão desengonçado poderia ter sido melhor, mas é só entrar no clima). Prende a atenção o suficiente para que o espectador saia satisfeito. Não recomendado a pessoas que sofram de náuseas ou labirintite. Altamente recomendado para o restante. Pena que meu preconceito me impediu de ver esse belo exercício de cinema na telona.

(Nota 8,5)

Trailer:
P.S.: Agradeço a indicação do filme.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Sexo, Drogas e Politicagem.

A Guerra Fria vista dos bastidores
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JOGOS DO PODER
(Charlie Wilson´s War)
Dir.: Mike Nichols
Com Tom Hanks, Julia Roberts, Phillip Seymour Hoffman
1h 42min - Drama
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Tom Hanks parecia estar brigado com seus fãs. Ninguem pareceu ter gostado muito de "Matadores de Velhinhas", "O Terminal" e muito menos da atuação de seus "mullets" em "O Código DaVinci". Mas ele é um profissional, e como um ator que parece sempre ler o que vai interpretar, saiu novamente de sua linha clássica de personagens e interpretar um político polêmico, que se diverte em banheiras com drogas, mulheres e politicagem. Decidiu reapresentar sua linha versátil e acabou reconhecido pela crítica, mas nem tanto pelo público, na história do congressista americano que traçou um audacioso plano para derrubar a União Soviética durante a Guerra Fria.

E com isso, a história começa no começo da década de 80, onde o congressista, entre uma festa e outra, assiste uma suposta crise no Afeganistão e decide investigar. Dobra o orçamento de suporte dos EUA ao país e atrai a atenção de uma milionária simpatizante a causa (Julia Roberts, sumida antes e durante o filme). Juntos começam a traçar um plano para auxiliar os afegãos a vencerem a guerra e desestabilizarem a União Soviética. Entra em cena o renegado agente da CIA, Gust Avrakotos (Phillip Seymor Hoffman, genial como sempre) que arruma os meios e os contatos para que o plano dê certo. Só falta agora, convencer o governo americano a entrar numa guerra onde terão de se expor, e arriscar ainda mais a crise entre as duas nações mais poderosas do mundo.

"Falaram mal do seu cabelo..."
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Aviso: Este é um filme de diálogos. Inteligente, sarcástico e muitas vezes engraçadíssimo. Destaque para as cenas entre Hanks e Hoffman (as melhores do filme). Julia Roberts passa batida e assume seu posto de Coadjuvante. A composição do personagem de Hanks é estabelecida com muito pouco tempo e logo de cara simpatizamos com o personagem. Caso isso falhasse, um filme como esses escoaria ralo abaixo rapidamente. É um filme que manda seu recado de forma eficiente, sutil e com tempo para criticar o cenário atual. Mas corre o risco de ficar chato em um programa onde se precisa de menos atenção e mais diversão. Mas ei, Hanks está tentando. E ele acertou desta vez. Pena que Hoffman roube um pouco de seu brilho quando estão juntos. Ah, a saber: Baseado em fatos reais.
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(Nota 7,0)
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Trailer:

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Vivendo e Aprendendo

A volta ao mundo de Jack Nicholson e Morgan Freeman
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ANTES DE PARTIR
(The Bucket List; EUA, 2007)
Dir.: Rob Reiner
Com Jack Nicholson, Morgan Freeman, Sean Hayes
1h37 min - Drama
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Periodicamente, um grande estúdio junta dois atores de ponta e toda uma campanha de marketing é desenvolvida em cima da imagem das duas estrelas em um poster descontraído onde eles (ou elas) estão se abraçando, rindo e passando uma idéia de que você vai se divertir tanto quanto eles estão na foto. Existe também o outro extremo, onde estão um de frente para o outro, cara de mau e tudo focado para dar a impressão de que será pura quebradeira. No fim do ano passado, aconteceu novamente o primeiro caso. As estrelas em questão eram nada mais nada menos do que Jack Nicholson e Morgan Freeman (dois dos favoritos deste blogueiro). A história parecia batida e com o final contado, mas algo parecia atrair multidões para as salas de exibição. Será a campanha de marketing?
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O filme começa com o milionário Edward Cole (Nicholson em atuação "delivery") passando por problemas de saúde e sendo internado em um hospital. Lá conhecer Carter Chambers (Freeman, também no modo "delivery"), um mecânico com poucos recursos financeiros, mas dono de um invejável conhecimento. Carter se lembra de um exercício que fez quando jovem onde fazia a "Lista da Bota" - A listagem das coisas que gostaria de fazer antes de morrer (ou de chutar a bota, como eles preferem dizer). Não demora muito para surgir a idéia de explorarem o mundo, realizando os tópicos da lista e se divertindo a beça.
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"Morgan, tua câmera tá desligada... "

O filme tinha todos os elementos para ser o "filme-lencinho" de 2007: Estreia próxima ao natal, tema simpatizante de todos os públicos, grandes atores, trailer emotivo sendo exibido em todas as sessões da época. Era a própria campanha de marketing funcionando. O problema é que durante todo o filme, os personagens se divertem muito mais do que o espectador, nos restando as piadas e os cartões postais (em alguns casos, mal-colocados). Os tópicos/passeios pelos quais os personagens passam parecem ser simplesmente jogados na tela, sem qualquer reflexão ou motivo pelos quais eles estão saltando de para-quedas, ou apostando corrida num shelby. Há um motivo em especial porque pular de para-quedas é importante para um deles? No geral, o filme é divertido, não se engane, mas poderia ter ido mais a fundo e explorado melhor os dois simpáticos personagens. E a relação familiar de Carter, acaba sendo mostrada de forma muito superficial, o que acaba por decepcionar. Não desaponta como sessão da tarde, mas tinha tudo para ser horário nobre.
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(Nota 6,5)
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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Segredos de uma mente doentia

Nem a morte consegue deter Jigsaw, de acordo com o quarto episódio da série.
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JOGOS MORTAIS 4
(Saw IV; EUA, 2007)
Dir.: Darren Lynn Bousman
Com Tobin Bell, Scott Patterson, Costas Mandylor, Lyriq Bent
1h32 min - Terror
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Parece que agora é definitivo: Todo mês das bruxas vai ter "jogos mortais". Há 4 anos que isso acontece e já foi lançado o poster do quinto filme para outubro. A rentável série que vem crescendo, deu sinais de ter sido encerrada em 2006, mas ano passado apresentou um quarto capítulo cuja trama era mantido em total segredo. E a cada novo filme, a dinâmica era produções mais caras, com mais sangue e geravam mais lucro nas bilheterias.
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Pois bem. A dinâmica parece dar sinais de desaceleração. Neste episódio, a trama começa com uma visual autópsia do vilão, que escondia uma de suas famosas fitas, endereçadas a um policial. Depois, a trama se divide em dois: Uma parte em flashback conta as origens do assassino Jigsaw, famoso por fazer com que suas vítimas caíssem em suas armadilhas. A outra vai focar no sargento Rigg, que participou das investigações (desde o 2o filme) e assiste a cada episódio, seus companheiros serem pegos, um a um. Agora como vítima, ele terá de passar por uma série de testes para superar a morte de sua parceira.
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"Você não viu o que fizeram com o outro cara..."
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O maior problema deste quarto episódio, é justamente a falta de uma trama consistente. Para os fãs do gênero, está tudo aqui: As torturas mais elaboradas, muito mais sangue, mortes bizarras, armadilhas complexas, etc. Mas o que mais incomoda é o clima de "oba-oba" e a completa falta de respeito com um vilão que parecia ser muito mais do que ele se mostra. Um personagem que estava virando referência tem seus motivos reduzidos a completos clichês. O final do filme convence (apesar de ficar muito aquém dos outros) e de uma certa forma se mostra criativo para uma série que matou seu vilão no meio do caminho. Mas a criatividade corre sério risco de se esgotar. Pelo menos, o senso de continuidade da série continua como seu grande triunfo. Enquanto não sabemos se o quinto filme poderá explicar o que acontece aqui, digo com convicção de que este é um capítulo descartável. E que Jigsaw já foi muito mais interessante, enquanto vivia.
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(Nota 4,0)
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terça-feira, 1 de julho de 2008

Sangue e Sombras

Baseado numa peça da Broadway, Johnny Depp faz a festa em "Sweeney Todd"
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SWEENEY TODD - O BARBEIRO DEMONÍACO DA RUA FLEET
(Sweeney Todd - The Demon Barber of Fleet Street; EUA, 2007)
Dir.: Tim Burton
Com Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Alan Rickman, Sacha Baron Cohen
1h56 min - Musical/Drama
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Já é a sexta vez que Johhny Depp faz parceria com Tim Burton. Essa aliança já nos rendeu novos clássicos como Edward Mãos de Tesoura e Ed Wood. Atraiu multidões com a nova versão de "A Fantástica Fábrica de Chocolates", "A Noiva Cadáver" (onde Depp fez apenas voz) e "A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça" (o maior sucesso comercial da dupla). E agora, um musical da Broadway.
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Sempre com o visual arrebatador, a história (cronologica) começa com Benjamin Barker, um homem que é separado de sua família e trancafiado numa prisão mesmo sendo inocente. Enquanto na prisão, bola um plano de vingança e quando sai, vai para Londres, onde monta uma barbearia em cima de uma loja de tortas. La dentro, ele não é mais Barker, mas Sweeney Todd, um barbeiro aplicadíssimo que promete o melhor corte de Londres, enquanto espera ansiosamente a visita do Juiz Turpin, o homem culpado pelo seu trauma. Sua sede de vingança o faz matar seus clientes a golpes de navalha. E os corpos? Bem, os corpos servirão de recheio para as tortas da Sra. Lovett, logo abaixo do estabelecimento.

"Chega aí... Deixa eu aparar essa costeleta..."
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O filme recebeu 3 indicações ao Oscar este ano (Ator para Johnny Depp e figurino) e ganhou um (Melhor Direção de Arte). Nas três indicações, o filme é realmente surpreendente. Um cuidado magistral com os detalhes (clássico dos filmes de Burton) o desconforto visual representando a problemática psicológica dos personagens, além da excelente noção de história que o diretor tem. A parte técnica e a atuação de Depp estão impecáveis. O problema aqui é justamente a parte musical. Tudo é muito exagerado. É o ponto da trama onde o espectador se lembra de estar assistindo a um filme e se afasta um pouco do que está acontecendo. O filme diverte, mas será inevitável uma ou outra cena em que você pode pensar: "Musica? De novo"? Salvo desta, a cena onde Johnny Depp e Helena Bonhan Carter estão tramando seus planos dentro da loja de tortas. De resto, apenas para os fãs do gênero ou para os que estão com Burton e Depp aonde eles forem. A parceria já gerou melhores frutos. Bem melhores.
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(Nota 6,0)
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sexta-feira, 27 de junho de 2008

A Época da Inocência

Com uma campanha de divulgação discreta e um elenco bem montado, a grande surpresa de 2007 chega as locadoras.
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JUNO
(Juno; EUA, 2007)
Dir.: Jason Reitman
Com Ellen Page, Michael Cera, Jennifer Gardner
1h36 min - Drama/Comédia
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Dentre os burburinhos de fim de ano, apareceu o nome "Juno". Os críticos aclamavam, os espectadores americanos prestigiavam as salas de cinema, sua protagonista Ellen Page estava em todas nas capas de revistas. E aqui no Brasil, até então, apenas cigarras ao fundo. Bastou o anúncio da corrida para o Oscar e o pequeno "fenômeno" deu as caras nas salas de exibição tupiniquins. Algumas semanas de pré-estreias depois, o público nacional conferiu e ficou satisfeito.
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Pois bem. Trata-se de um filme simples, com uma história simples, composta por personagens simples. Ao primeiro olhar, pelo menos. Bastou uma tarde entediada, e Juno (a personagem-título do filme) resolve fazer sexo com seu melhor amigo. Semanas depois, muito suco de laranja e uma dezena de testes de gravidez apontam o maior medo das adolescentes: Gravidez. Juno e seus 16 anos passarão os próximos nove meses procurando o melhor caminho para seu filho. Ela e sua melhor amiga, decidem arrumar um casal para adotar a criança, já que não quer ter esse tipo de responsabilidade tão cedo na vida.
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Contar mais do que isso pode estragar uma experiencia saudável de cinema. Uma atmosfera totalmente "indie" compõe o universo de uma adolescente com gostos típicos e estabelece o clima de todo o filme e seus personagens extremamente caricatos. Doses cavalares de musica alternativa, utilização de cores diferenciadas e muito bom humor. Aliás, um humor sutil predomina em uma história que nas mãos de um diretor descuidado, resultaria em gags de mal gosto. A personagem Juno é assustadoramente realista e suas decisões nem sempre deixarão o espectador confortável, porém nunca ficamos contra ela. As quatro indicações ao Oscar (filme, direção, atriz e premiada com melhor roteiro original) são merecidas. Uma ótima pedida para um dia mais, digamos, "leve".
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(Nota 9,0)
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quinta-feira, 26 de junho de 2008

Medo e Delírio

Com um roteiro enxuto e com boas doses de suspense, chega as locadoras o grande vencedor do Oscar 2008.

ONDE OS FRACOS NÃO TEM VEZ
(No Country for Old Men; EUA, 2007)
Dir.: Ethan e Joel Coen
Com Tommy Lee Jones, Josh Brolin, Javier Bardem, Kelly McDonald
2h02 min - Suspense
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Há coisas que acontecem na vida, que não parecem ter muita explicação. Podem ser detalhes, como um grande evento. Ano passado, os Irmãos Coen, sempre em alta em Hollywood, apresentaram um filme que ate então voara baixo nos mais ávidos radares da mídia. Apresentado em Cannes, surpreendeu e começou o burburinho sobre indicações ao Oscar. Não era bem um faroeste. Não era contemporâneo tambem, mas falava sobre um tema muito comentado hoje em dia: O medo.
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E das prováveis indicações ao prêmio máximo do cinema, um nome era o mais certo: Javier Bardem, que ironicamente, nada mais faz no filme do que ser a própria personificação do medo. Um assassino frio e calculista. Metódico ao último fim de cabelo. Uma performance coadjuvante que rouba a cena dos protagonistas com sobras e se transforma em um dos vilões mais impressionantes do cinema desde que Anthony Hopkins comeu algumas pessoas em "O Silêncio dos Inocentes". E assim como seu antecessor, a vitória no Oscar, mas como melhor ator coadjuvante.
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Mas a história, passada nos anos 80, começa com Llewelyn Moss. Um caipirão que em um dia de caça, acaba encontrando um malote cheio de dinheiro em um cenário que claramente indica um violento tiroteio e uma negociação (envolvendo drogas) que não deu muito certo. Moss acaba pegando o dinheiro e deixa a cena com alguns vestígios. Logo logo ele é rastreado e então entra em cena o temido Anton Chigurh, um assassino impiedoso, na cola de Moss. E durante todo o alvoroço, o xerife Bell, conhecido de Llewelyn, tenta desvendar o caso.
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O filme tem incontáveis triunfos, que varia desde as atuações a direção (sempre acima da média) dos Irmãos Coen (vencedor do oscar ainda como melhor filme, roteiro adaptado e direção). E a intensificação do suspense se dá pela completa ausência de trilha sonora. Somente os diálogos e os certeiros efeitos sonoros para cada cena tornam o clima do filme mais angustiante. São detalhes. Detalhes que crescem junto com a sua ansiedade. Mas que nem sempre explicam os eventos que acontecem "off-screen". Que remetem ao medo da falta de controle que temos na vida. E todo esse medo, ainda ganha uma boa refelxão no fim. Não agrada a todos. Mas, a vida é assim mesmo.
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(Nota 10,0)
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segunda-feira, 23 de junho de 2008

O ultimo homem da Terra

Munido de efeitos especiais vergonhosos e com pouca história, nem Will Smith salva este filme de zumbis e cia.
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EU SOU A LENDA
(I am Legend)
Dir.: Francis Lawrence
Com.: Will Smith, Alice Braga
100 min. - Ação/Suspense
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Filmes de Zumbis é quase um gênero norte-americano. Desde George Romero, esses filmes seguem um padrão básico: Algo dissemina a população rapidamente (geralmente um vírus, ou uma experiência genética mal-sucedida) e os contaminados devem permanecer soltos na cidade para sobreviverem de sangue/carne/cerebro humano. Sempre sobram poucos que vão sendo executados conforme as horas de projeção passam. Aí chegam no final os mais fortes, ou os mais preparados. Se o personagem pelo qual torce faz uma piadinha boa no filme, ou está estampado no poster, ele chega até o final, ou é executado em uma cena clímax com a música estourando as caixas de som.
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Baseado no romance apocalíptico "The Omega Man", o filme traz a história do cientista Robert Neville (Smith, em atuação deletável), o último homem vivo na cidade de Nova York. Ele passa seus dias a pesquisar uma forma de desenvolver um soro capaz de reverter a condição de quase toda a população mundial da forma de criaturas sedentas por sangue que devem viver nas sombras. Como vampiros, elas saem a noite para caçar qualquer um que estiver de bobeira.
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E é nesse ponto que o filme escorrega. Não é só o fato de Will Smith estar muito mal aproveitado na história. Seu personagem só entra em contato com essas criaturas da noite, por conta de alguma "bobeira" que ele comete. Até então, nenhum deles sabe da existencia de Neville na cidade, tamanha discrição e discipina que ele tem. E os efeitos especiais (que deveriam ser um ponto alto do filme), jogam contra o time: Os "zumbis" parecem que foram feitos em 1996 e reaproveitados aqui. O único ponto a favor, é a atmosfera apocalíptica que o diretor conseguiu criar. As cenas externas de uma Nova York isolada são de tamanho capricho e temor que só podem ser comparadas ao contrastante flashback de quando a cidade estava sendo evacuada. Fora isso, um filme vazio e sem propósito. E nem o final alternativo nos extras do DVD brinda com uma luz no fim do túnel.
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(Nota 2,0)
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Quase um Clássico

Violento. Surpreendente. E com quase 20 minutos adicionais, "O Gangster" chega em DVD como o grande lançamento de Junho.
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O GÂNGSTER
(American Gangster; EUA, 2007)
Dir.: Ridley Scott
Com Denzel Washington, Russell Crowe, Josh Brolin, Cuba Gooding Jr.
158 min (original)/ 177 min (estendida) - Drama
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Denzel Washington se tornou um ícone no cinema americano interpretando o bom moço. Foi o advogado que imerge na causa da AIDS em "Filadélfia", o policial expert e paraplégico de "O Colecionador de Ossos". Em 2001, surpreendeu ao interpretar um vilão no excelente "Dia de Treinamento". E anos mais tarde, resolveu repetir a dose, com um "vilão" mais classudo e poderoso.
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Baseado em fatos reais, Washington faz as vezes de Frank Lucas. Assume a frente do tráfico de drogas em uma Nova York dominada pela máfia italiana. Voou por baixo do radar da polícia por não ter intermediários e tratar da negociação direto com o fornecedor vietcongue em plena guerra e utilizar os caixões dos soldados mortos como recipiente. Sua logística dissemina a droga na cidade de forma rápida e eficiente, complicando a situação da concorrência. Paralelo a isso, somos apresentados a Ritchie Roberts. Novato na força policial nova-iorquina, Ritchie é repreendido por descobrir um esquema e devolver o dinheiro a polícia. Precisando se reestabalecer, resolve rastrear a origem de uma nova droga que está circulando pela cidade, que pode levar a um novo criminoso que fugiria de quaisquer padrões conhecidos na época.
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O filme é uma crescente pressão até o inevitável embate entre os dois. Passando por temas como família, corrupção e valores morais, "O Gângster" ainda nos brinda com performances inspiradas e uma trama amarrada e sólida. Ao invés de apelar para tiroteios e cenas gratuitas, o diretor Ridley Scott prefere focar na construção dos personagens e de deixar o espectador a par de cada decisão tomada por seus protagonistas. E a versão em DVD ainda nos brinda com mais 18 minutos não exibidos nos cinemas (nada que faça diferença a trama, mas enriquecendo os dois personagens). É cinema de primeira.
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(Nota 9,5)
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Trailer: