quarta-feira, 22 de outubro de 2008

A vingança dos fãs

O filme que você esperava do Hulk, chega em DVD.

O INCRÍVEL HULK
(The Incredible Hulk; EUA, 2008)
Dir.: Louis Letterier
Com Edward Norton, Liv Tyler, Tim Roth, William Hurt
1h 54 min - Ação/Aventura
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Polêmicas à parte, o filme lançado por Ang Lee em 2003, dividiu radicalmente opiniões por ter focado as atenções na questão psicológica de um homem que carregava um, digamos, carma, de ter dentro de si um monstro que se libertava conforme a sua raiva. Passados meia década, e todos aqueles que se desapontaram com a primeira versão, ganharam um filme de pouco menos de duas horas, onde o psicológico perde feio para a quebradeira.

Na nova versão, a história continua quase de onde o primeiro parou. Bruce Banner (Edward Norton) foge de sua cidade para tentar encontrar uma cura. Ele se esconde em uma favela do Rio de Janeiro e trabalha como fabricante de refrigerantes (não pergunte). Mas por conta de um vazamento de informações, Banner é encontrado pelo seu inimigo e deve enfrentar um novo vilão, enquanto tenta proteger Betty Ross (Liv Tyler) dos novos perigos e de si mesmo.

"Tá aqui... Faz um litro de calmante..."

Pelo apreço que tenho pelo personagem e por ser uma das únicas pessoas vivas que gostaram de fato do primeiro filme, achava que o filme pudesse descambar para a pancadaria gratuita e fugir de qualquer tipo de história. Engano. O trailer vendeu bem. Vendeu cenas de luta e destruíção. E isso, o filme tem de sobra. A sequencia final, contra o monstrão Abominável só não é mais bacana, porque no meio do filme tem uma outra mais interessante. Quem detestou o primeiro filme, vai adorar ver o Hulk descendo o sarrafo nos militares americanos. Quem gostou da primeira versão, pode se divertir também. Norton pode não ser um Bruce Banner excelente, mas trouxe características para o personagem que se aceita facilmente. E como a origem do personagem já havia sido contada pelo filme de 2003, o diretor Louis Letterier aproveita para fazer uma trama simples, enxuta e com direito a ganchos para a sequência. Ora bolas... Teve até espaço para Tony Stark...

Nota 8,0

Trailer:

domingo, 5 de outubro de 2008

Super-Andarilho

A surpreendente e trágica história de um jovem que abandonou tudo para buscar a liberdade.

NA NATUREZA SELVAGEM
(Into the Wild; EUA, 2007)
Dir.: Sean Penn
Com Emile Hirsch, Catherine Keener, William Hurt, Marcia Gay Harden
2h28 min - Drama


Filmes baseados em fatos reais são sempre ar puro em meio a algumas tosqueiras ou super-produções que são produzidas no dia-a-dia hollywoodiano. Ainda que os fatos reais sejam toscos ou gerem super-produções. Mas na essência, são experiências de vida e fatos que alguem, em algum momento, viram necessárias de serem contados ao público geral. No começo da década de 90, um jovem americano largou sua privilegiada vida em busca de sua maior aventura: Desbravar o Alasca.

E a história de Christopher McCandless começa justamente no ponto onde decidiu revolucionar sua vida em busca da liberdade. Interpretado com maestria por Emile Hirsch, o jovem começa sua jornada ao Alasca com o espírito aventureiro a todo vapor. Abandona qualquer forma de identificação (mudando inclusive seu nome para Supertramp, ou o Super Andarilho) para que a sensação de liberdade fosse mais presente. Pelo caminho, fará amizades, encontrará perigos e vivenciará sua grande aventura até chegar ao "Ônibus Mágico". 

"Cara, aqui faz um frio do diabo..."

A sensível direção de Sean Penn, aliada a uma fotografia maravilhosa e à trilha sonora espetacular composta por Eddie Vedder faz de "Na Natureza Selvagem" um filme brilhante e inesquecível. Penn não se preocupa muito com linearidade na história, mas essa desconstrução temporal que dita o ritmo do filme é essencial para nos colocar mais próximo do protagonista e ajudam na sensação de isolamento que afeta o rapaz nas horas mais frias. Contar mais sobre o filme pode estragar. Uma impressionante experiência de vida que passou em branco pelos cinemas nacionais (figurando apenas no circuito alternativo), mas nem por isso, imperdível.

Nota: 9,5

Trailer:

Chapéu e Chicote

Harrison Ford volta ao seu maior (e melhor papel) com aventuras e final polêmico em DVD

INDIANA JONES E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL
(Indiana Jones and the Kingdom of The Crystal Skull; EUA, 2008)
Dir.: Steven Spielberg
Com Harrison Ford, Cate Blanchett, Shia LeBouf, John Hurt
2h02 min - Aventura


17 anos. Tempo que os realizadores de uma das mais celebradas trilogias do cinema nos fizeram esperar para o lançamento da anunciada quarta parte. Era uma combinação de eventos para que ela saísse do papel. Quando confirmada, a sequência gerou muita expectativa sobre manter o nível dos filmes originais, sobre os novos personagens a serem introduzidos e principalmente se Harrison Ford conseguiria manter o espírito e o pique de um dos maiores heróis do cinema.

E o mundo de Indy evoluiu. Passaram-se quase uma década após os eventos da Última Cruzada e Indiana Jones ainda trabalha como explorador e professor na universidade. Capturado pelos Russos (afinal de contas, anos 50 era Guerra Fria e não mais Segunda Guerra), o protagonista é incumbido de encontrar a Caveira de Akator, que supostamente quando devolvida ao seu local de origem, entregaria um poder de inigualável aquele que a encontrasse.

"Viu só quanta grana que o filme fez?"

Os fãs não decepcionaram e o filme foi um sucesso de bilheteria. Mas o filme parece ter decepcionado seus fãs. O pique está lá, a aventura continua, e Harrison Ford entrega o bom e velho Indiana Jones como esperado. Mas o polêmico final desagradou a muitos. Fora isso, o filme é pura diversão. A sequencia inicial e a perseguição de jipes dentro da selva amazônica nos remete aos originais com tanto brilho, que estamos dispostos a aceitar formigas carnívoras e outros caprichos que um filme de Indiana Jones tem o direito de ter. Terminado dez minutos antes, seria uma típica matinê do gênero. Mas tudo bem. Entendemos o final, apesar de achar de certa forma desnecessário. Não é o melhor deles, mas se encaixa do lado de fora da trilogia. Se o quinto filme se confirmar, a platéia estará garantida.

Nota 8,0

Trailer:

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

O bom companheiro

Jim Carrey na versão light.

HORTON E O MUNDO DOS QUEM
(Horton Hears a Who!; EUA, 2008)
Dir.: Jimmy Hayward e Steve Martino
Com as Vozes de Jim Carrey, Steve Carrell, Seth Rogen, Isla Fischer
1h28 min- Animação


Os livros do Dr. Seuss parecem criar vários adeptos. Inegavelmente um sucesso de vendas (em especial nos EUA), a evolução para o cinema foi uma questão de tempo. Aqui no Brasil, onde sua obra literária é muito pouco conhecida, ficam apenas aquela uma hora e meia para entender e se divertir. Essencialmente infantis, mas nem por isso, menos divertidas. Consiste em um personagem principal com seu lado psicológico sempre inverso ao físico: o Grinch era feio, mas no fundo tinha um coração de ouro. Não assisti ao "Gato" com Mike Myers, mas a adaptação animada de Horton e o Mundo dos Quem", tem cara e corpo de ser simples. Mas suas piadas conseguem avançar o plano do infantil.
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Horton é um elefante desengonçado (dublado no original por Jim Carrey) que um belo dia encontra um grão de pólen. Suas orelhas "avantajadas" o permite que escute uma voz provinda do grão. E lá dentro, todo o universo dos Quem (os mesmos que no filme "O Grinch" moravam no floco de neve). O problema é que o equilíbrio delicado deste minúsculo universo depende da estabilidade externa. E Horton, como um bom elefante, promete aos pequeninos o levar para o topo da montanha, onde poderão viver sem problemas. E o fato de ser o único ser que consegue ouvir as vozes faz com que a "síndica" da selva ameace banir o elefante por mau comportamento.
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"Eles estão bem ali, ó..."

Este é um belo exemplo de uma animação para crianças sem qualquer tipo de apelação. Os adultos são brindados com piadas simples (e nem muito ingênuas) sobre amizade, comprometimento e integridade. É aquela lição de casa que muitos hoje precisam ouvir, so que dada de forma divertida e descompromissada. Pode não usufruir da ousadia de um "Shrek" ou da qualidade de um "Wall-E", mas seguindo a fórmula básica das animações, garante a diversão. Destaque também para Steve Carell (na voz) como o prefeito dos Quem. Aliás, a dinâmica dos dois em cena rende os melhores diálogos do filme. Para aquela tarde descontraída e leve.
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Nota 7,5
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Trailer: